Lone Star
Para qualquer governo, um banco não pode (deve), de algum modo, ser
entendido (aceite, admitido) como uma "estrela solitária" (lone star).
Para qualquer governo, um banco deve ser uma “estrela” solidária, no
sentido de ser uma "estrela" (financeira) inserida e colocada, tanto
quanto possível, ao serviço da sociedade e, portanto, da economia produtiva em
que esta assenta (investimento, emprego...).
E não ao serviço de um ou dois accionistas que, que para seu único
("lone") interesse, o que de um banco pretendem é (só) obter o maior
lucro financeiro possível, única "estrela" (star) que os guia.
É só nisso que este e outro tipo de "fundos" (e os por nós bem
pagos "caixeiros viajantes" objectivamente ao seu serviço...) estão
interessados.
Não estão interessados na economia produtiva. Mais: não estão interessados
na economia.
Estão interessados só no financismo (humana, social e economicamente)
estéril.
Como diria o saudoso Eduardo Galeano, estão apenas interessados em
"pôr o dinheiro a fazer amor com o dinheiro".
Justamente o contrário do que deve ser o interesse de um governo (de
qualquer governo mas, mais ainda, de um governo socialista): pôr o dinheiro
"a fazer amor" com o desenvolvimento da economia produtiva, do
investimento e do emprego (e, por implicação, do Estado Social), pôr o dinheiro
"a fazer amor" com o Serviço Público.
O dinheiro do Serviço Público não deve ficar ao serviço do dinheiro.
JOÃO FRAGA DE OLIVEIRA
(publicado, com
cortes, no Público de 6/4/2017 - https://www.publico.pt/2017/04/06/opiniao/noticia/cartas-ao-director-1767787)